terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

88 constelações

88 constelações

A vela infla, viajemos então, virgem viagem, sobre o vácuo, sob o vácuo, sem posição no vácuo, todos as direções levam a ele, constelações octogenárias. A embarcação parte, e logo avistamos o peixe-voador, em seu leve planar, asas feito laços; o vento sopra forte, intensidade no navegar nos leva até a casa de Hércules que empunha sua espada brilhante, ao lado de sua casa uma enorme Lira, sua águia voa alto em busca da presa, um dragão se aproxima Hércules o derruba com um golpe. A embarcação sente o estrondo da poderosa investida do campeão, então é deslocada pra longe encontrando a casa do Escultor, ele trabalha, em mármore, uma figura humana derrotando um dragão, imagino que visão aguda ele deve ter, pois são anos-luz de distância até o local da batalha a pouco acontecida. E, na região onde o escultor mora, a fênix ilumina sua obra. Um tucano sobrevoa por entre as árvores, raposa nos campos, lobo a uivar para a lua, bucólica natureza inspiradora. O belo pavão é a última bela figura avistada, pois a embarcação não pára, não ancora em lugar algum, deambula no inconstante caminho sem estradas. Uma forte luz brota na proa, os olhos dos navegantes cerram-se por causa da intensidade e do calor, duas galáxias encontram-se para conversar e emitem sua voz calorenta. Insuportável, a odisséia estelar desses navegantes conhece as dificuladades desse melindroso mar no vácuo. Mas braços fortes eles têm e partem dali feito luz. Procuram porto, não avistam onde atracar, reduzem o remar, olham a maravilha que aparece na polpa, o renomado Perseu a derrotar Medusa com sua madeixas-sibilantes, Serpentes.Observam tão atentos que não percebem que um Triangulo gigantesco vira obstáculo, pois o casco da embarcação vai em direção a pontiaguda figura, puxam a vela rapidamente remam a estibordo e o pesado navio por pouco não é destruído. O Capitão pede atenção e nesse momento um rugido que estoura alguns tímpanos, O grande Leão ensinando a seu Leão menor como rugir contra uma nebulosa inimiga. Os homens assustam-se, tapam os ouvidos, soltam os remos, reduz a velocidade de toda a embarcação que quase pára, mas o Capitão não os deixa vacilar e ordena: “Avante homens! Chegaremos a terra dos Unicórnios e do Pégaso, veremos a Coroa Boreal de Zeus, e Coroa Boreal de Hera, nossos reis nesse universo! Avante! E aqueles que soltarem os remos uma vez mais irão ser entregues a Cassiopéia para o sacrifício a Baleia(Cetus)!”. Após a ordem homem nenhum ousou soltar os remos. Então partiram como se fossem a própria luz, mas as distâncias são tão homéricas nesse vasto mundo que ainda não seria o suficiente para chegar logo. Então enquanto os remos não descansavam, muitas figuras eles vislumbraram no caminho; um Centauro a cavalgar possante nos campos, uma Flecha dourada desferida de seu arco e logo eles reconheceram o grande Sagitário; uma enorme Bússola a guia-los em tão perigosa campanha, um Corvo cruza suas cabeças e eles pressentem um mau augúrio, não demorou para a Hidra aparecer, os navegantes olham para seu capitão, pois só soltariam os remos se a ordem viesse. Ela veio; então os homens, sedentos por manejarem suas espadas em vez de remos, saltaram sobre a criatura nefasta. O capitão devaneia: “Quem dera Hércules aqui estivesse para nos auxiliar em tamanha aflição!” Eis que várias flechas flamejantes rasgam os confins, e a cada cabeça que os homens cortam as flechas vem e as cauterizam para que não cresçam outras no lugar. Hercúles não pode vir, pois nesse momento esmagava um grande caranguejo chamado Câncer, mas Jolau seu companheiro não abandonou aqueles homens. Após a grande batalha agradeceu o capitão à Jolau e uma das cabeças da Hidra pendurou em sua proa, para intimidar aqueles que ousassem atacar sua embarcação. Prosseguiram pois, e a cabeça medonha na proa assustava quem olhasse. Olhou pra ela o maligno Lagarto e rastejou para seu covil; grandes Ursas de enormes garras não ousaram se aproximar, uma imensa cabeça de Touro em corpo de homem tentou ataca-los, mas o golpe passou longe e eles não pararam pra enfrenta-lo. Tinham urgência em sua jornada e já tiveram sua hora campeã. Pararam pra levantar Taças cheias de vinho e cantar um pouco as canções do mar. Cheias de perigo as canções estavam e o Capitão acrescentou no ultimo verso : “A Hidra de cabeças incontáveis!”. Após o deleite da vitória, retomaram seus semblantes sérios. Navegaram mais felizes pois já avistavam os Campos Elíseos, infinitos em costa. Desfraldaram a vela que suas mulheres costuraram durante um ano inteiro. E como um Sol que ilumina todo um sistema, eles lançaram o farol que vem da costa, iluminaram o caminho a frente e puderam os navegantes tomar o rumo certo até os portos. Um grande Delfim(golfinho) aparece a estibordo, um bom augúrio antes de atracarem . Os homens por fim sentem o ar puro, não mais salgado, vindo do continente. O Capitão consulta o Relógio de sol, chegaram há tempo. Jovens Gêmeos abordam o capitão e informam que trouxeram cavalos para viajarem com mais velocidade. Ele convoca seus homens, escolhe cinco para que fiquem a tomar de conta do navio, os homens obedecem um pouco tristes. “Não se preocupem homens amanhã mandarei outros cinco para lhes substituir para que vocês possam também ver o Grande ‘Altar’ dos Deuses!”. Os homens incumbidos de cuidar da embarcação então foram cumprir sua missão com largos sorrisos. Um Pintor, que adorava ficar no porto e pintava a beleza dos mares,não parava de olhar para a imponente embarcação e não resistindo dirigiu-se ao capitão: “Senhor que capitaneia tamanho colosso dos Mares, deixa-me registrar em minha tela essa imponente cabeça de Hidra que deixa muito mais imponente e intimidadora essa sua bela embarcação?” O capitão olhou para sua embarcação e disse: “Pinte-a meu bom homem, mas a pintura colocarei em meus aposentos quando retornar.” Com aquela condição o homem começou a sua bela arte e os homens montaram nos cavalos e, guiados pelos dois jovens irmãos, eles partiram dos portos.

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