terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A Cura

A Cura

... “é o que você quer ter?” Assim perguntou ele sem cerimônias. Ela, aturdida com a crua pergunta, não sabia o que dizer e até seu pensamento não sabia o que pensar. Os dois apenas se olhavam, analisando não a fisionomia, mas o fascinante brilho que brota dessa linguagem da percepção no fundo dos olhos, refletindo nuamente a alma. Quem dera os olhos não fossem tão reveladores. Mas ali não pensaram em nada além de si mesmos, não o ‘si mesmo’ do egoísmo, mas no sentido em que aquelas duas almas são uma só.

- Mostre-me sua face?

Ele pergunta sem nem mesmo saber se fez uma pergunta apropriada.

-...

Ela, sempre econômica em respostas, mais uma vez as economizou, só que desta vez o fez por ter pensado em uma resposta tão grande e complexa que preferiu não confundi-lo com tanta explicação.

- Eu já sei a resposta Daniela. Contento-me com ela.

Pessimista.

- Dário! Você pensa que pode saber a resposta para uma pergunta que voçê mesmo fez? E se já tem a resposta, a pergunta não tem sentido algum. Sabia?

Dário, sempre pensante acerca de certos dilemas, não deixou esse passar batido.

- Sei, mas...
- Nada de ‘mas’ Dário!

Então Daniela o beijou com tamanho amor que este conto não pode ter sequer um fim, pois a finitude não alcança esse momento entre o ‘mas’ de Dário e o ‘nada de mas’ de Daniela...

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