terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Espelho

Espelho

Imagem estilhaçada, espelho quebrado. Azar. Fragmentos de si. Muitos de si. Invertido em um mundo contrário. Contrariado escreve e não consegue expressar. Como expressar o inexpressável que não se ajusta à lógica. Refracto Homem. Opaco pensar. Cacos de reflexões niilistas, desacreditado ser. Cínico sorriso refletido em moléculas de espelho. Bocejo sem sono. Artífice do ‘camaleonismo’. Quebraste o espelho? Porque? “É que Narciso acha feio o que não é espelho”. Tateia o rosto, rugas há muito já cobertas pela divina medicina moderna, mas ali estão; tateia a memória e elas estão lá e hoje o espelho as mostrou. Lágrimas escorrem sobre a ressequida pele da face, uma escultura de homens escultores de corpos, artistas de uma era ‘antropoestética’, ‘antropoescultura’. Hoje a erosão alcançou a ‘obra’. Alcançou e cobrou todos os impostos sonegados, rugas não anotadas em seus livros de movimentação financeira, marcas não anotadas em sua agenda de negócios. “Sou metro-sexual!”. E agora, é sexualmente quilométrica essas olheiras inevitáveis? Aceitará a velhice que engilha a pele de seu pescoço? A tratará como uma boa amiga ou tentará; como sempre fez, derrotá-la como a uma inimiga!?

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