terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Explicar o inexplicável?

Explicar o inexplicável?

Cisco no olho. Assim sinto o incômodo hálito do inexplicável, mas que coisas realmente já foram explicadas? A soma de 1+1=2? Por favor, não me venha com a lógica dos números, se vier com esse argumento não continuo mais esse texto. Se está disposto a lê-lo desfaça-se dessa lógica pueril meu (minha) caro(a). Imagine aí a mediocridade de se pensar apenas numericamente o mundo, voçê daqui a pouco vai pensar que um ser humano é apenas mais um número em meio a tantos e nada mais. Assim pensavam os médicos nazistas quando faziam suas terríveis experiências com os judeus, e não convém aqui cita-las, pois por mais palavras escabrosas que eu aqui coloque pra relatar esse momento da história, elas nunca alcançarão o horror do que realmente foi. Portanto cabe a mim apenas discorrer sobre a ‘inexplicação’ das coisas. E não espere uma obra interminável, com varias páginas maçantes do mesmo discurso apenas dito com outras palavras pra parecer mais vendável. Comecemos então pela existência de algo além da realidade material, dos objetos vistos, palpáveis, cheiráveis e saboreáveis; falo aqui dos sentimentos, algo que não se vê, nem se toca, nem se cheira e nem se saboreia. Chamarei de ‘algo’ por não ter definição concreta possível do que vem a ser um sentimento. Anteriormente Anaximandro de Mileto denominou ‘ápeiron’ como substância indefinível para designar o infinito, ilimitado e dele, por segregação, derivam os diferentes corpos, cabe ressaltar aqui que estava essa idéia inserida em um âmbito de investigação natural da realidade, uma cosmovisão ainda, mas só o fato de ser indeterminado tal princípio já esboça algo além do apenas do mundo sensível. Tomando por base tal idéia então lanço a pergunta: como definir o indefinível? Seria esforço de mais 2 milênios creio, para se chegar ao começo do esboço de tal pintura, portanto não tentemos responder (ainda) tal pergunta, vamos prosseguir o raciocínio. (Se for possível, é claro, pensar racionalmente sobre o indefinido, esse ‘algo’ que sentimos). A maioria de nós foi orientado que o sentir no contexto humano é um sentir análogo ao dos animais, que não tem consciência exatamente do ‘que’ e ‘porque’ sentem. Tendo estabelecido isso nos imaginamos seres dotados de consciência da própria consciência e sem poder escapar dessa conclusão o ser humano está fadado, ou abençoado, a viver e saber que vive, perguntando-se ‘porque vive?’ e ‘para que vive?’. Partindo desse ponto então, temos os sentimentos sensíveis, experimentados pelo corpo e pelas funções que ele desempenha, como tato que toca uma áspera parede, e além desses sentimentos sensíveis temos os sentimentos inteligíveis que ‘experimentamos’ subjetivamente, sem bases corporais, como por exemplo o amor, o ódio, a inveja, a compaixão, o rancor, a felicidade, sentimentos estes sentimentos ainda não explicáveis, pois quem nunca teve um sentimento por algo ou por alguém que não soubesse explicar exatamente, mesmo um estudioso de tais assuntos psíquicos não sabe exatamente porque ama sua mulher e filhos, ou voçê acha que ele os ama só por que tem um cérebro que processa essas informações sentimentais? Não descarto aqui a importância do corpo enquanto veículo de tais fenômenos, ele é o canal, a via condutora de se sentir um ‘algo’ indefinível, pois quem me garante que depois de findado o corpo ainda sejamos capazes de ainda sentir? Portanto não entremos em um racionalismo e não vamos esquecer do corpo enquanto capaz de também experimentar (e constituir, e conhecer) a realidade.

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