terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

(hoje eu quero criticar)

Hoje eu quero criticar, num sei o ‘que’, mas quero! Sabe aquela vontade de apontar o dedo pro Papa e dizer: “vai se foder e mete todo esse ouro da tua poltrona e do teu cetro no teu cú! Tu não és nosso rei, monarquista filho da puta que te pariu! Deixa tua irmã(se tu tem) ser estuprada e ficar grávida pra ver se tu não aprova o aborto! Transa e pega AIDS pra ver se tu não se arrepende de não ter usado camisinha! Vai faz tudo isso que “hereges” fazem, experimenta o pecado do povo. Desce dessa cadeira aí e vem se ajoelhar e beijar a mão daqueles que realmente são humanos de verdade, sem pose, status, poder; pessoas(poucas) que sem isso ainda são mais do que muitos. Pega essa tua bata branca e rasga pra fazer flanela pros flanelinhas. Pega essa banda de “coco” aí da tua cabeça e dá pra servir de cuia pra dar banho no menino de rua! Pega todos esses idiomas que tu sabe e xinga em todos eles! Faz tudo isso meu bom velhinho(Papai Noel?), não tenha medo. Teu Deus não é misericordioso o bastante pra perdoar esses pequenos pecadinhos depois?”
Essa vontade aí de criticar é que eu falo. Pois me digam se não é pecado maior do que esses ter que catar comida no lixo pra comer? É pecado de verdade ver isso e pensar: “pelo menos o lixo tá sendo reciclado né!” Sei que ninguém pensa assim (nem o Papa!), mas o fato de ver e não fazer nada é a mesma coisa de estar dizendo exatamente isso. Vi um dia desses isso acontecer. Um sujeito sorrateiro, mirrado (que nem eu!) abrindo os sacos de lixo de um canteiro na Av. dos Expedicionários no bairro do Montese (meu bairro). Já tinha visto em um documentário essa cena, mas o impacto do ver ali, a poucos metros de mim, foi imenso. Confesso que nada fiz, pois minha vil desconfiança não me deixou aproximar, mas o observei, ele me olhou envergonhado (você não ficaria se tivesse que catar lixo pra comer?), desviei o olhar covardemente, sabe porque? Porque aquilo é culpa minha. A culpa de ter exagerado em colocar comida demais no prato na hora do almoço hoje e não ter comido tudo, de não ter agradecido a minha mãe por ter feito a comida (que estraguei), de não ter agradecido a meu pai por ter comprado a comida (que estraguei). Não estou dizendo pra comer toda a comida das panelas feito um animal voraz, não é isso, apenas quero que reflitamos sobre a gula, e não apenas a da comida, mas toda a gula “olho maior que a barriga” de ter as coisas; enquanto muitos cobiçam um simples prato de comida.
Ou um saco de lixo com restos de alimento (que alguém como eu provalvemente estragou) em um canteiro. Então chegamos na grande ironia (cruel): “se a pessoa não tivesse estragado a comida, colocado no saco e jogado ali no canteiro aquele sorrateiro e mirrado jovem teria se alimentado àquela noite?” Difícil para todos nós vislumbrarmos esse desencadear maquiavélico da situação, mas não estou omitindo aqui nenhum dos modos de agir de toda a nossa inconsciente e mesquinha sociedade.

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