terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

(Sem Título 2)

... o que pode nascer de alguém sem útero? Me encontro infértil em todos os possíveis estilos de escrita, não consigo escrever metade da metade das coisas que penso; coisas que (penso) valeriam a pena serem escritas. Não lembro exatamente onde me tornei pessimista, deve ter sido no dia em que li alguns poemas de Roberto Piva, de Paulo Leminski, de Manoel de Barros ou os contos de Moreira Campos. Me deu uma sensação terrificante perceber que nem ao menos uma linha ou estrofe sequer do que eu escrevesse seria páreo para supera-los, mas creio que a questão não seja bem ‘superação’, como se fosse tudo uma competição da literatura, pra mim nada seria mais ridículo que isso; penso mais nos sentido de supera-los de uma forma iconoclasta sem destruí-los e sim sobrepujando o que eles trouxeram de novo, torna-los ultrapassados entende, trazendo algo de novo no tempo que vivo. Talvez eu esteja paranóico com a idéia de iconoclasia, mas se não sabem fazemos isso com mais freqüência que imaginamos (vejam os meteóricos ‘ídolos descartáveis’ atuais), e não me peçam pra dar mais exemplos, encontre os seus e compreenda que assim os entenderá melhor do que se basear no exemplo alheio.
Passando desse momento, vamos tratar agora do poema que eu pretendia começar antes de escrever esse texto. O poema seria de versos livres, pois não me dei ao trabalho e prazer(minto) de aprender como se faz versos com aquela precisão métrica. Não sei se isso reflete o meu desapego quase total às normas de pensar matematicamente as coisas(percebam meu anti-pitagorismo). Voltando ao poema direi que teria o título: “Serei Lido”. Um poema que se preocuparia com vários sentidos do leitor. O primeiro seria o sentido do Tato, pois bem que eu gostaria que ele estivesse em um livro pra que o segurassem; depois ele se preocuparia com o sentido da visão, já que quem o lê irá precisar dos olhos (mas existe a visão através do tato para os cegos, só que nenhuma empresa editorial se preocupará em lançar meu poema, muito menos em Braile), os outros sentidos, audição, paladar e olfato, dependerão dos leitores usarem ou não, mas se quiserem posso dar uma sugestão, leia o poema escutando uma musica que gosta muito, comendo algo que aprecia e sentindo o cheiro de sua pele limpa e perfumada depois de um deliciosa banho, mas faça como quiser, agora tenho que te revelar uma boa e má notícia. Qual você quer saber primeiro? A má notícia sempre é a primeira então vamos à ela: não escrevi o poema ‘Serei Lido?’, mas não fique mal por isso, pois agora vem a boa notícia: não escrevi o poema ‘Serei Lido?’ ?
Você notou as duas interrogações? Pois bem, temos que livrar você desse dúvida logo, mas se a boa noticia é uma duvida então pode ficar esperançoso, adoro escrever depois de momentos duvidosos, portanto espere pelos versos, eles virão carregados de uma angustia incerta tanto quanto essa que me preocupa agora: se você leu meu texto até o fim. Tomara que sim, pois não sou tão péssimo assim como eu mesmo preconizo, mas se sou então faça-me um favor: compre logo meu livro, ele é mais barato que quatro rolos de papel higiênico e você pode experimentar limpar-se de uma forma mais poética. Obrigado pela Leitura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário