Os Sapotis
Eram dois,
Colossais.
Dois deuses do mundo natural.
Quando aqui cheguei não existiam
Eram jovens
Não haviam se tocado
Mas já flertavam.
O tempo cuidou
Encontraram-se.
Seus braços em carícias
Ao vento.
União natural
Meninos destemidos subiam neles
Procuravam o topo
Não conseguiam
À noite amedrontavam
Dois monstros imponentes
As crianças os temiam
E o farfalhar de suas vozes:
“De dia sobem em nós
Mas à noite nos temem”.
“São apenas crianças, meu amor”.
E eles adoravam
Pequenos braços e pernas
Fazendo cócegas
E logo sentiriam saudades
E esse ‘logo’ não tardou
As crianças cresceram
Não subiam mais neles
Os visitavam quirópteros
Beliscavam seus frutos
E derrubava-os
A cigarra,
Hóspede barulhenta,
Os incomodava
O calango,
No seu eterno concordar,
Passeava por suas peles-casca
E os faziam lembrar
Cócegas infantis
Cobriram seus pés-raízes com sapatos-asafalto
Choravam o aperto nos calcanhares
Não suportaram
Primeiro a grande ‘Dríade’ tombou
Em vão, o gigante Colosso, tentou segura-la.
Seus braços-galho não alcançaram
Foi reverberante sua tristeza
Alguns anos solitário
Então chegou
Derradeira hora
Mas antes esperou
Uma última criança
Ela veio
Subiu
E a ela, ele ofereceu ‘o topo’
Nunca dantes alcançado
Depois envelheceu
Sua coluna-caule
Seus filhos-frutos
Seu coração-madeiro.
Então um esturpor
Com sua voz-farfalhar
“Estou indo,
Deitar-me contigo”
Estrondoso cataclisma
Deitou-se
Eram dois
Amantes enraizados
Do amor natural
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