Sonhos de oxigênio
Escárnio sussurrante
Uma invasão aguda
Um vazio que não quer se preencher
Reflexões imateriais
Leveza vertiginosa
Um inundar,
Um susto afogante
Um inundar
Um susto afogante
Gorgolejantes goles salgados
Arenoso piscar de olhos vítreos
Impaciente pulsar, trêmulo
Rangido ósseo, ligamentos
Estalos fibrosos
Tecidos morrendo.
Música do corpo
Que aos pouco morre
Música fúnebre
A Trilha sonora de todos que estão vivos
“Para morrer basta estar vivo”
Barulhentos líquidos percorrendo a garganta
Viajando no esôfago
Sufoca-o
Um inundar de pulmões
Sal nos alvéolos
Um inundar
Sal no estômago
Estertores dilacerantes nas mucosas bucais
Narinas corroídas
Que não sorvem mais o ar
Fossas nasais agora obsoletas
Inúteis no ambiente aquoso
Sonhos de oxigênio povoa a mente
Daquele que se afoga
Sonhos de um ar, mesmo poluído, povoa a mente
Daquele que se afoga.
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